terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Poesias 2009

Poesia

1° Lugar
Aos que se foram
Eduardo de Paula Nascimento
Franca/SP


Aos que se foram
Éramos eu e a noite
Nenhuma estrela brilhava
Somente o vento em meu rosto
E o gosto de liberdade
As lápides no tempo dispersas
Gravadas por minhas lágrimas
A escuridão fez-se ópio
Que fez-me enxergar minha alma
Éramos eu e a noite
E enfim eu me enxergava

Garoa no rosto dormente
Sentida nos olhos fechados
Queria enxergar os detalhes
Entalhes em mim esculpidos
Por gentes que em mim passaram
Levando pequenos pedaços
Deixando grandes histórias
Recordações que jaziam
Lacradas em tumbas mórbidas
Éramos eu e a noite
E a morte me enxergava

Sereno, braços abertos
Uma névoa me abraçava
As trevas queriam levar-me
Rendia-se em mim uma parte
A outra se debatia
Minha alma queria os amigos
Mas o medo negou-me alforria
A covardia me despertava
Afastando a lâmina afiada
Éramos eu e a noite
E a vida enfim me enxergava


2° Lugar
Amor e Criação
Márcia Regina De Araujo Duarte
Rio de Janeiro/RJ


AMOR E CRIAÇÃO

O sol envia um raio
para nossas cabeças iluminar.
A chuva carrega energia
para com as nossas mãos curar.
E todo o resto se leva no coração:
A fé que nos guia
e transforma em amor
o que antes era solidão.

O rio corre estrondoso pelas pedras,
depois que céu manda a chuva forte,
inundando o vazio dos corações
que retomam a vida gerando ações.
Na Terra vão espalhando sementes,
transformando o deserto da mente
em um lindo jardim.

As flores crescem assim,
como luzes do éden brilhantes.
Esta sim é a Terra dos Homens!
Tomada por Anjos do Céu a viver,
que guardam os segredos divinos
da pureza do amor,
revelados em seus semblantes,
para quem quiser ver.

No jardim, a árvore do amor
cresce com devoção
e seus frutos
são doces, límpidos e saborosos.
São os frutos do amor
gerados pelas sementes do teu coração.



3° Lugar
Inda cá estás
Fernando Catelan
Mogi das Cruzes-SP


‘INDA CÁ ESTÁS


‘Inda cá estás, essa tua presença eu não atino,
que meus sonhos fizeste darem, sei, no nada
Se ora cobra-me a lida tanta destreza, o tino,
‘inda cá estás a atravancar minha caminhada!

‘Inda cá estás e eu a ansiar te visite a morte;
a morte te vindo, alenta, meus versos desveste,
que te postas no caminho me tirando o norte;
se contigo dei, a meu viver injusta te opuseste!

‘Inda cá estás, que meu peito ronda dissabor,
e tanto amei-te que reclamar-te-ia um apreço,
mas ‘inda cá obstas conciliar-me com o labor,
que venço as amarras se julgas que as mereço!

‘Inda cá estás, de minh’alma o rude entrave,
e nas veias bem ansiaria eu não mais teu dolo
Quiçá não tenha eu do olho despojado a trave,
quiçá ‘inda eu não o bastante por ti me imolo!

‘Inda cá estás tirando-me a alma num vômito,
se tanto por ti obrei naquele antanho distante,
ido ontem em que, chamado o peito indômito,
pôs-te, por fugaz que parecesse, menos errante!

‘Inda cá estás, e ora te peço que desapareças,
assim já tu mui importunas se cá estás ainda
Urge que tu mais seduzas, a outro te ofereças,
mas rogo uma vez mais ver-te, que és tão linda!


Menção Honrosa
Liberdade
Suzana Dulce Correa Fagundes
Rio de Janeiro/RJ

Liberdade


Liberdade,
esta escrava onde eu me acorrento,
rendida e valente.

Livre,
meu gesto,
tentativa ufana de agarrar,
frementemente,
este abraço livre
que eu tento,
igualmente,
acorrentar.

Liberta,
minha ação pelo tempo,
abarca espaços
nesta senzala onde resido.






Menção Honrosa
Meu Tempo
João Ximenes
Rio de Janeiro/RJ


Meu Tempo
O meu tempo eu não paro
Eu vivo dando corda para os minutos
E deixo os ponteiros girarem.

O tempo eu parto
Parto meu tempo
Meu tempo é meu parto.

De tempo em tempo,
Eu parto
De uma cidade para outra
Meu tempo eu não paro!

Os tempos estão difíceis
Não dá nem para economizar os segundos
Nem tempo me sobra para gastar
Dá-me um tempo, por favor!

Acordei hoje para ver o mar,
Mas o tempo está muito mal.
Parece até que piorou de febre
Com tanta chuva que já passou.

Este tempo não passa.
Não passa o tempo,
Não há passatempo
Eu não consigo passear.

Não consigo esquecer
E nem te esqueço mais
Porque até para esquecer
Eu preciso demais de tempo.


Ando pensando muito
Estou perdendo tempo
Então tempo, vem depressa
Ou então me deixa e vai demora
Nem chega perto da janela
Tenho que adiantar meu horário.

O tempo muda, ele vira e transforma,
O tempo virou uma ilha deserta
Desabitada de segundos
Que um dia afundou
E desapareceu no mar
Tudo isso num minuto
E tic-tac... Meu tempo acabou!

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